sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

A POPULAÇÃO NÃO DEVE FAZER JUSTIÇA COM AS PRÓPRIAS MÃOS – por Sérgio Siqueira, vereador de Caruaru-PE.


A população não deve fazer justiça com as próprias mãos – por Sérgio Siqueira, vereador de Caruaru-PE.

Como vereador de Caruaru falei na tribuna da Câmara Legislativa Municipal de Caruaru, dia 16 de fevereiro, sobre algo que vem acontecendo com certa frequência em nossa cidade, a população reagindo, amarrando e agredindo suspeitos de assaltos. Em pouco tempo já é o terceiro caso de tentativa de linchamento em Caruaru.

Não é um problema exclusivo de Caruaru, em muitos locais do Brasil a população revoltada faz justiça com as próprias mãos. Muitos desses casos levam os espancados à óbito. As pessoas alegam sua revolta por causa da sensação se impunidade e insegurança. Mas a nossa população tem que ser mais racional e respeitar as leis. Não somos um país sem leis.  Um país civilizado não será construído com uma população furiosa, vingativa, com pau, corda e espancamento. O linchamento não é justiça.

A Constituição garante que qualquer cidadão pode prender uma pessoa em flagrante delito, mas a polícia deve ser chamada imediatamente. Linchamento também é crime por lei. E os linchadores são igualmente infratores da lei, assim igualando-se ao bandido.

Outra coisa, a população tem que se lembrar de algo muito importante e perigoso. Muitos criminosos têm comparsas, quadrilhas, família e amigos. E quando pessoas envolvidas em linchamento são identificadas (por vídeos ou testemunhas) podem sofrer represálias violentas ou mesmo responder à justiça.

O Estado, a polícia, tem suas dificuldades de estar presente em todos os lugares. A falta de estrutura mais eficiente para uma maior agilidade em resolver um problema de violência local pode fazer com que muita gente "julgue" que pode fazer justiça com as próprias mãos. O povo faz o papel da polícia, do juiz e do carrasco, condenando imediatamente e castigando barbaramente. A população não deve combater o crime. Combater o crime é dever do Estado e das forças de segurança devidamente autorizadas.

Pessoas de bem não podem continuar apoiando esse tipo de prática. Nossas crianças e adolescente são testemunhas desses tipos de acometimentos, nas ruas ou pelos vídeos nas redes sociais. Isto não é justiça e não deve ser considerado normal. Na pratica as pessoas também estão cometendo crimes, quebrando a lei. A prática do linchamento é crime e pessoas identificadas podem ser presas.

Precisamos falar neste assunto para que a nossa sociedade seja pacífica. No Brasil tivemos dois casos recentes de grande INJUSTIÇA por causa dessa cultura de linchamento. Um caso mais próximo, de 2016, foi de um jovem de 26 anos, em Natal-RN, que foi espancado e amarrado em um poste, após ser confundido com um assaltante. Ele tinha problemas mentais e estava indo para uma consulta com o psicólogo.

Outro caso que chocou o país foi uma mulher, DONA DE CASA, linchada e morta, em 2014, na cidade do Guarujá-SP. O linchamento aconteceu após um BOATO, uma foto divulgada nas redes sociais (um retrato falado), a qual dizia que a mulher sequestrava crianças e utilizava em rituais de magia negra. Um dos linchadores foi preso, julgado e condenado a 30 anos de prisão. No julgamento, a Justiça determinou que o rapaz terá que cumprir 30 anos de prisão e pagar uma indenização de R$ 550 mil à família da vítima. Ele foi condenado por homicídio triplamente qualificado, quando fica caracterizado que o crime possuiu requintes de crueldade, a vítima não teve chances de se defender e ainda foi torturada. A dona de casa deixou duas filhas pequenas.

Não são raros BOATOS NA INTERNET, e se a população quiser fazer justiça com as próprias mãos, além de cometer um crime bárbaro de linchamento, ainda mata INOCENTES. Pense nisto. Se acontecer da população capturar um suspeito, chame imediatamente a polícia, mesmo que o capturado seja culpado. Temos leis, temos justiça, temos polícia, temos prisão. Não vamos nos igualar ao criminoso. Tenhamos uma cidade que respeite a ordem e a justiça. Não incentive esta cultura.




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